Qual o maior nível de ligação – estima, vínculo emocional, mais que preferência -, um consumidor ou grupo deles pode ter com uma marca? Comprá-la, recorrentemente, sem nem pensar em outra, diriam muitos. Talvez não só isso. Ser fã, como somos de artistas, talvez.
No estágio de marketing (aquele conceitual, do século passado, de identificar necessidades, dos dinossauros) em que estamos, enquanto algumas ideias e atividades, formas de comunicação e relacionamento entre empresas que vendem e pessoas que consomem surgem, se desenvolvem e ganham sentido, outras perdem a referência de sentido e utilidade e outras tantas se mantém úteis, quando não, recuperam sentido, utilidade e importância.
Em tempos imemoriais, 1970, quando Pelé na final da Copa se abaixou no centro do gramado pra amarrar suas chuteiras – Puma – num evento (que ganhava importância mundial por meio da TV) com patrocínio de outra marca de material esportivo alemã, do irmão do dono da Puma, a Adidas, isso foi um fenômeno de marketing. Daí a pergunta e a resposta: Teria sido Pelé a primeira celebridade como concebemos hoje?
Sua ida pros Estados Unidos alguns anos depois como grande promotor do soccer por lá e seus inúmeros patrocínios e fãs de todas as idades reforçam que a resposta é sim. Hoje, Messi na MLS virou produto da AppleTV.
De lá pra cá, várias disciplinas do marketing surgiram, predominaram, perderam importância, foram incorporadas ao composto, ganharam novas formas… Quem não se lembra da avalanche de carros pelas ruas com um singelo adesivo em forma de maçã? Ou quem não teve ou quis ter uma camiseta com estampa de uma enorme boca aberta, língua pra fora, vermelha?
O adesivo era da Apple e, antes dos iphones, vinha com os macs, caros, privilégio de artistas, designers, diretores de arte, com grana pra comprar um computador bem mais caro que os PCs montados. Quando o iphone se popularizou, os adesivos perderam o fetiche.
E a camiseta da ilustra da boca? O logo dos Rolling Stones, de inúmeros fãs. E, assim como outras imagens icônicas de um tempo, teve seu momento, caiu em desuso, voltou como vintage. É, até hoje, a imagem mais pirateada do mundo. E, vejam só, nem Apple, muito menos os Stones, são marcas de moda, de roupas, fashion, que nos pareça, numa primeira observação, fazer sentido vesti-las. A não ser que sejamos fãs.
Mas como fazer com que consumidores se tornem fãs a ponto de usar uma marca fora de seu contexto original???